Todo mundo já foi em peça de escola. Geralmente é assim: a professora, que também é a diretora e escritora da peça tem, obrigatoriamente que colocar todas as crianças em cena, com pelo menos uma fala. Seja o personagem relevante ou não, a fala necessária ou não ou a criança boa de interpretação ou não. Uma piadinha sem graça aqui, uma interjeição ali, e a peça está pronta para deleite dos pais e das crianças. Assim é Espelho Espelho Meu.
É constangedor ver como alguns personagens estão ali só para fazer numero. Os sete anões, por exemplo, poderiam muito bem ser só dois. Mas isso faria mal para a história…
Falando nela, a história do filme: uma adaptação da história já bem conhecida da Branca de Neve, onde a rainha/madrasta má precisa se ver livre da linda princesa para continuar sendo a mais bela e reinar absoluta. Junta um caçador/príncipe, os sete anões e uma fera e está feita a festa.
Como algum outro crítico já disse, é difícil acreditar que Julia Roberts, no papel da rainha má sinta inveja da “beleza” de Branca de Neve. Esta, uma menina sem sal nenhum, com sobrancelhas de fazer inveja a Malu Mader, até tenta, mas sua personagem é tão apática que quase torcemos pela madrasta.
O maior problema aqui é a falta de entrosamento entre os atores. Parece que cada um está fazendo um filme diferente. Um tom estranho permeia a coisa toda. Julia Roberts e Nathan Lane estão ótimos e se divertem a cada fala que dão. É visível que ela se delicia com os exageros e o texto rápido e politicamente incorreto de sua madrasta. Ele, como o puxa saco oficial da rainha é uma variação-combinacção dos outros personagens do ator. Em certos momentos chega a lembrar até mesmo Timão, dublado por ele em O Rei Leão. Mas Nathan Lane é escolado e faz disso uma diversão. Definitivamente as melhores coisas do filme.
Porém a falta de tom fica clara quando a gente percebe que a novata Lily Collins (que já esteve em O Padre e Um Sonho Possível) e os anões estão realmente levando a coisa a sério. Chegam ser irritantes suas suspiradas, viradas de olhos e as piadinhas tolas dos anões. Armmie Hammer (presente nos magníficos A Rede Social e J.Edgar com interpretações estupendas e que será Zorro ao lado de Johnny Depp na nova versão para o cinema) tenta, seu carisma encanta, sua voz grave impressiona, mas seu príncipe é tão tolo e raso que em determinado momento queremos que ele suma de vez.
O diretor Tarsem Singh parece ter como tradição o erro no tom de seus filmes. A Cela – um suspense interessante – até se salva, mas Imortais é um pecado inexpugnável. Só pelo trailer já dava pra perceber que a mistura de 300 com Fúria de Titãs era uma comédia involuntária. Desta vez ele derrapa feio e serve feijoada com caviar numa mistura que além de não dar liga entrega dois filmes diferentes dentro de um: uma comédia com bons atores e um romance meloso com atores medianos. Pelo menos aqui.
Com um figurino que deixaria Lady Gaga pensando ‘como eu não pensei numa roupa assim antes?’, cenários pra lá de cafonas e nada de original ou impressionante, o filme é cansativo e chato nos momentos em que a princesa está em cena. O riso só vem mesmo nos momentos da madrasta e a dona da história parece ser mesmo Julia Roberts. A Branca de Neve em si nem precisava aparecer.
Resenha do blog: Espelho Espelho Meu

Não falou do número final digno de caminhos das índias..rs