Resenha do blog: Valente

Existe uma mente pensante em comum por trás das histórias de filmes como A Bela e a Fera, O Rei Leão, Fantasia 2000 e Fuga das Galinhas: Brenda Chapman. Os quatro filmes considerados um primor no que diz respeito a roteiro – A Bela e a Fera foi a primeira animação a concorrer a Oscar de melhor filme – estão entre os melhores longas de animação de todos os tempos. Há alguns anos atrás, Brenda entregou à John Lasseter, chefão da Pixar Animations, uma sinopse de um filme onde uma princesa seria a heroína. Claro, a princípio nada de original na ideia, não fosse essa princesa independente e diferente de todas as já mostradas até hoje.
A Pixar sempre foi considerada território masculino, de filmes de meninos. Nenhuma das suas protagonistas até hoje, em onze filmes, era feminina. As histórias tratavam de carros falantes, cowboys e astronautas, heróis em crise, insetos em aventura, escoteiros perdidos e ratos que queriam ser chef de cozinha. De repente Brenda Chapman propôs a mudança, e Lasseter aceitou. Como um filme de animação não fica pronto de um dia para outro, foram anos até que Valente chegasse às telas.
Com uma indomada cabeleira vermelha (impressionante, diga-se de passagem), Merida é uma princesinha rebelde. Herdeira do trono de um reino perdido na Escócia em algum lugar do tempo, ela se recusa a ser entregue para um dos filhos dos clãs do reino e decide, ela mesma, lutar pela “sua mão” num torneio. Descontente com o rumo que sua mãe planeja para ela, Merida econtra uma feiticeira a quem pede que mude seu destino. Assim, sem maiores explicações. Claro que as consequências não serão exatamente as esperadas e que a princesa rebelde terá que lidar com as consequências e aprender as lições que virão com as mudanças.
É de conhecimento geral que os desenhos da Pixar nunca são simples animações. Trazem consigo uma carga emocional raramente vista no cinema e lições para as crianças de todas as idades. Frequentemente inspiradíssimos, seus filmes são daqueles que nos emocionam às vezes sem uma fala sequer, em momentos mágicos como a cronologia do casal até a velhice em Up, Altas Aventuras ou toda a primeira meia hora de Wall-E, sem nenhum diálogo e somente o pequeno robozinho em cena. Valente não consegue transpor esta linha do emocional, é verdade, mas nem por isso deixa de ser deslumbrante.
Visualmente magnífico em todos os seus detalhes, especialmente a cabeleira ruiva revolta da heroína, a floresta e os pelos dos ursos, a história lembra bastante a de Irmão Urso, animação dos estúdios Disney de 2003. Mas é agitada, engraçada às vezes, tem suas importantes lições e traz toda uma nova visão com relação às princesas dos desenhos. Merida não quer casar, não quer encontrar seu príncipe encantado, não canta sonhadora com passarinhos pela floresta. E sim sai atirando suas flechas, cavalgando e subindo montanhas em direção à cachoeiras perigosas.  Um sinal dos tempos, onde hoje as meninas querem ser independentes, não somente correr atrás dos garotos, mas também de realizarem seus próprios desejos e sonhos. Uma animação para meninas finalmente, para as filhas da geração Sex and The City que, por mais que sim, estejam atrás do grande amor da sua vida, sabem ser auto-suficientes quando precisam e sabem que poderão escolher com quem viverão “felizes para sempre”.
Abaixo um texto da reportagem da Revista Veja sobre o filme:

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