Resenha do blog: Frankenweenie

Alguns diretores de cinema são tão característicos que tornam-se praticamente um gênero próprio, como Quentin Tarantino, Michael Bay e M. Night Shyamalan (quando não sofrem pressão dos estúdios, é claro). Tim Burton talvez seja o mais característico deles: o visual fantástico, o humor mesclado com terror, personagens fortes e, invariavelmente, Johnny Depp e Helena Boham-Carter (esposa do diretor) no elenco, descrevem bem seus filmes.
Alguns dos melhores momentos do diretor trazem vários destes elementos, se não todos. Caso de Sweeney Todd, A Noiva Cadáver, Ed Wood e Peixe Grande – só para citar alguns. Frankenweenie não é a exceção a esta regra. A não ser pela dupla de atores, todos os outros elementos estão ali num desenho que não tem nada de infantil.
Victor Frankenstein é um menino triste, cujo único amigo é um cãozinho da raça bull terrier. Na pequena cidade de New Holland (frequentemente atingida por tempestades elétricas), Victor gosta de conduzir seus experimentos científicos no sótão e é ali que a grande aventura terá início. Quando Sparky é atropelado e morre num acidente, o garoto descobre na escola que os músculos do corpo respondem a estímulos elétricos mesmo depois da morte e usará esta informação para trazer o amiguinho de volta à vida. Que ele conseguirá não é nenhum segredo, mas as consequências dessa experiência são inesperadas e absurdamente divertidas.
Inspirado num curta metragem do próprio diretor feito em 1984, mas com atores e cachorro reais, este novo Frankenweenie é inteiramente em animação stop motion e, como se isso não fosse charme suficiente, todo em preto e branco. Com personagens mais reais e profundos que muitos de carne e osso e o contraste acentuado das cores, além de estar sendo exibido em 3D e em IMAX, Tim Burton entrega o melhor desenho do ano com um visual deslumbrante e uma história emocionante.
São inúmeras as referências dentro do filme. Além de, obviamente, Frankenstein, desfilam pela tela nomes, monstros e até mesmo somente frames que referenciam e reverenciam grandes nomes do cinema de terror. De referências claras (como àquela que cita o seriado Família Monstro ou a tartaruga chamada Shelley – sobrenome da autora do romance original do homem trazido à vida) a outras mais sutis (como um dos personagens ter a voz de Martin Landau, mestre dos seriados de terror que interpretou o ator Bela Lugosi no filme Ed Wood. Lugosi foi o primeiro Drácula do cinema, em 1931), é impossível se reconhecer todas. Moinhos, cidades interioranas, monstros grandes e pequenos, perseguições com tochas… tudo está ali para deliciar os fãs do gênero. Não deixe de perceber a piada com Hello Kitty!
Para as crianças menores o filme pode ser um pouco assustador, com momentos realmente fortes, mas a mensagem principal da amizade do menino com seu cachorro é o que importa.
Frankenweenie mostra, com graça e sustos, que Tim Burton voltou à sua boa forma. Depois do fraco Alice no País das Maravilhas e do controverso Sombras da Noite (que não agradou muita gente), a história do cachorrinho-Frankestein ganha fácil o coração de quem está do lado de cá da tela. E não se envergonhe se algumas lágrimas rolarem ao final…

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