Resenha do site: Bling Ring – A Gangue de Hollywood

bling-ring-poster1Sofia Coppola é uma diretora e roteirista que, assim como vários outros, se caracteriza por um estilo particular. Não no visual (como um Baz Luhrmann), não na esquizofrenia (como um Woody Allen), não na falta de roteiro consistente contrastando com edição frenética (como um Michael Bay). Mas sim numa condição humana. No retrato absoluto de pessoas sós e sem rumo. Foi assim no maravilhoso As Virgens Suicidas – seu filme de estréia, no suave Encontros e Desencontros, no colorido mas não menos triste Maria Antonieta, no simulacro de realidade que é Um Lugar Qualquer e é assim novamente em Bling Ring.

Todos estes filmes têm em comum pessoas em diferentes idades mas ainda sem um rumo definido na vida. Quando essa falta de caminho já está em uma idade avançada é triste. Quando ainda está na infância ou adolescência é perigoso, e as consequências podem ser catastróficas.

Becca e Marc (Katie Chang e Israel Broussard, ótimos em cena) são o ponto de partida: ele um adolescente comum, que não faz parte do grupo dos populares e acaba de chegar na escola. Ela, a primeira a lhe cumprimentar no corredor e a quem ele irremediavelmente irá se apegar e seguir. Becca tem um estranho hábito: se aproveita de carros estacionados nas colinas de Los Angeles que estejam abertos e deles rouba carteiras, dinheiro e até drogas. Marc, como um cãozinho devoto passará a segui-la sem questionar. Afinal nunca teve muitos amigos e aquela estranha parece gostar dele. Então por que não?

Sem se questionar em momento algum sobre certo e errado, os dois passam a entrar nas casas de personalidades conhecidas como Paris Hilton, Lindsay Lohan e Orlando Bloom e, sem menores cerimônias, levar o que mais lhes agrada. Logo se juntam ao grupo Chloe, Nicki e Sam (respectivamente Claire Julien, Emma Watson e Taissa Farmiga, essas duas as únicas caras conhecidas do elenco). O grupo acaba fazendo a festa nas casas dos famosos, roubando bolsas, jóias, roupas…. tudo de grife.

Mas estes jovens precisam roubar? Não. São todos de classe alta, moram perto destes mesmos famosos. Por que então os roubos? Como retrato fiel de uma geração, Bling Ring explica em termos gerais uma falta de sentido na vida, uma busca pela proximidade com aquelas celebridades cultuadas, uma necessidade de exposição que acabará por colocar um fim à tudo.

O filme em si não tem exatamente um roteiro. Baseado em um artigo sobre um caso real acontecido em 2008, ele acompanha o grupo entre roubos e festas, entre grifes e drogas. Oscilando entre as cores da “realidade” da vidinha comum e as cores fortes e extravagantes de suas aventuras em casas noturnas e casas famosas. Como um todo acaba funcionando graças ao carisma de seu par central e justamente por causa do desespero de se ver aqueles cinco jovens desperdiçarem a vida em atos não muito nobres. Acabamos por não saber se ficamos contra ou não. Um retrato pesado dos “pobres meninos ricos”. Um retrato forte da tristeza (sim, porque se trata de pessoas tristes) disfarçada no falso glamour da proximidade com suas veneradas celebridades.

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