“O pornô se revela e invade o cinema comercial” – mas que pornô é esse??

Com o título de “O pornô se revela e invade o cinema comercial” a, no mínimo, peculiar matéria da Agência EFE foi publicada neste final de semana em diversos portais. Enfocando aparentemente filmes como Don Jon, Ninfomaníaca e Lovelace, o texto fala, resumidamente, que por causa do sucesso de 50 Tons de Cinza o pornô está invadindo a tela grande em maior ou menor grau. Será?

Não sei se concordo com o texto, principalmente porque Lars Von Trier (citado) já flertava com o pornô em Anticristo, anterior ao soft porn literário. Também não acho que o foco de Don Jon seja a pornografia e, pelo que li, Lovelace vai mais pro moralista que pro pornô, apesar de falar da vida de uma atriz pornográfica. Muito menos concordo com o que o texto chama de “pornô pop” na musica, o funk carioca seria o que então?… Bom, leia e tire suas próprias conclusões…

O pornô se revela e invade o cinema comercial

Se na música triunfa o “pornô pop” graças a Miley Cyrus e Rihanna, e na literatura as sagas eróticas se multiplicam à sombra do “efeito Grey”, o cinema não podia ficar atrás e isso parece estar provado com filmes recentes como “Don Jon” e “Ninfomaníaca”.

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Don Jon, Ninfomaníaca e Lovelace

Enquanto as salas de cinema entram em decadência, o conteúdo erótico e/ou pornográfico se infiltra no cinema convencional a reboque de “50 Tons de Cinza”, cuja adaptação cinematográfica, dirigida por Sam Taylor Johnson, está causando frisson antes mesmo de começar a ser rodado.

James Franco, Lars von Trier, Rob Epstein, Michael Winterbottom e Abdellatif Kechiche são alguns dos diretores que despontaram no mundo do cinema erótico com conteúdo, embora nem sempre o sexo seja explícito.

Esse é o caso de “Don Jon”, na realidade uma comédia convencional com a pornografia como fio condutor: trata de um garoto (Joseph Gordon-Levitt), um autêntico Don Juan capaz de seduzir as mulheres mais belas, mas que não aproveita as relações de carne e osso, nem mesmo com a belíssima Scarlett Johansson, tamanha é a sua obsessão pelo pornô.

O filme tem ainda uma pitada mórbida que fica a cargo de Julianne Moore, que retorna ao tema 16 anos depois de interpretar à sensual Amber Waves em “Boogie Nights: Prazer Sem Limites”.

A versão original de “Don Jon”, lançado no último Festival de Sundance, tinha mais cenas pornográficas, mas o ator, que também foi o roteirista e o diretor do filme, passou a tesoura para poder conseguir a classificação indicativa apta para menores de 17 acompanhados de adultos. Já no Brasil o filme estreou no Festival do Rio desse ano, com salas lotadas em todas as seções, sob o título de “Como não perder essa mulher” e chega aos cinemas comerciais no próximo mês de dezembro.

Muito mais escandaloso, e não era para menos, é esperado o próximo filme de Lars von Trier, que, depois de ter sido declarado persona non grata no Festival de Cannes por dizer que era simpático a Hitler durante a apresentação de “Melancolia”, em 2011, gerou uma expectativa muito maior agora.

Eis que o dinamarquês traz dessa vez “Ninfomaníaca”, que conta a história de uma mulher, interpretada por Charlotte Gainsbourg, que conta suas experiências eróticas para um homem que a salva depois de uma briga.

E para tanto nada melhor do que ele estrear na terra natal do diretor, a Dinamarca, no dia de Natal, apesar de ainda não ter data para chegar ao Brasil. O fato de ter duração superior a cinco horas não facilita muito sua a distribuição.

O que já está sendo adiantado, desde o último dia 10, são os pôsteres individuais do filme em que o elenco aparece tendo orgasmos (veja AQUI).

Nomes como Uma Thurman, Stellan Skarsgård e Willem Dafoe são alguns dos atores do filme que está sendo definido como um “drama pornográfico” pela revista “The Hollywood Reporter” e terá cenas de sexo explícito, conforme disse Shia LaBeouf, um dos atores em recente entrevista.

Do sempre inquieto James Franco e do especialista em cinema gay Travis Mathew, nasce “Interior. Leather Bar.”. Polêmico e inédito no Brasil o filme abrirá a 21ª edição do Festival MIX Brasil de Cultura da Diversidade em São Paulo e no Rio de Janeiro, que acontece em novembro nas duas cidades.

Trata-se de uma releitura de “Parceiros da Noite”, de 1980, estrelado por Al Pacino e do qual, supostamente, foram cortados 40 minutos de sadomasoquismo entre homens para que o filme não recebesse a classificação de pornô. Protagonizado pelo ator Val Lauren, o longa é um misto de documentário e ficção com cenas reais de sexo gay.

A contribuição do ator californiano não para por aí, já que Franco também deu vida ao fundador de Playboy Hugh Hefner em “Lovelace”, a cinebiografia dirigida por Rob Epstein sobre a estrela do pornô Linda Lovelace, interpretada por Amanda Seyfried.

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O Olhar do Amor, Azul é a Cor Mais Quente e Disconnect

Outra biografia que foi parar no cinema é “O Olhar do Amor”, a visão do cineasta britânico Michael Winterbottom sobre Paul Raymond, o magnata que ergueu um império de clubes de strip-tease e revistas no Reino Unido na década dos 60.

A combinação ‘biografia + sexo’ parece mesmo estar em alta. Após viver uma paixão lésbica em “Azul é a Cor Mais Quente”, o diretor Abdellatif Kechiche revelou que entre os projetos que tem em mente há um roteiro sobre a vida de Marilyn Chambers, uma atriz pornô famosa por protagonizar o que foi considerado um dos primeiros filmes do tema com uma história: “Atrás da Porta Verde”, de 1972.

Outra modalidade é a que mistura sexo com tecnologia em formato “thriller”. Para essa surgiu o nome do estilista Marc Jacobs que estreou no cinema no ano passado como empresário do sexo cibernético em “Disconnect”.

Nacho Vigalondo também segue essa linha. Ele escolheu a ex-estrela do cinema adulto Sasha Grey para protagonizar “Open Windows”, uma trama de intriga sobre roubos de identidade e perseguições virtuais atualmente em fase de pós-produção.

Texto da Agência EFE

Um comentário em ““O pornô se revela e invade o cinema comercial” – mas que pornô é esse??

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  1. O pornô pop se diferencia do funk carioca pq deixou de ser “subcultura” e passou a ser cultura de massa. Se antes, em termos regionais, o sexo era tratado como a cultura da favela, hoje ele é aceito em ambientes muito mais formais. Esse movimento cresceu com a quebra da ideia que sexo é tabu. Creio que por isso o tal do pornô pop tenha sido usado nesse texto. Enquanto antes era algo velado, hoje em dia vemos Miley nua numa bola de demolição e Rihanna num bordel com dinheiro na vagina.
    Já o cinema pornô-cult que é o condutor do texto, acredito q possa ser dividido em duas fases, a fase pré-50 tons de cinza e a pós. Os filmes feitos até o momento tem como objetivo mostrar o sexo como arte, como beleza e como parte integrante da vida. Por isso o esforço dos diretores nesse sentido, especialmente James Franco e Lars von Trier. Se esse já flertava com o soft porn, agora o assume abertamente. E enquanto o Anticristo pode ser classificado como Suspense Gore, Ninfomaníaca deixa de lado o Gore e se entrega ao explícito, aproximando-se mais da arte e menos do prazer. E esse é o corte que separa o que tem sido feito agora. Enquanto 50 Tons busca exorcizar os demônios das donas de casa que se molharam ao lerem os livros, o atual cinema “erótico” tem como objetivo libertar o comum. É nesse ponto que discordo do texto. 50 Tons de Cinza não fará crescer esse movimento. Ele vai mata-lo. Tornar comercial e banal. E tudo que os autores com a temática pornô tentam fazer agora vai ser destruído pelo simples prazer de ver um soft porn fajuto que faz sonhar aquelas mulheres que não podem viver o tórrido romance com um milionário canalha.

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