Believe – primeiras impressões

Por Flávio St Jayme

Às vezes, a expectativa por trás de uma série, criada antes mesmo da estreia, acaba por nos decepcionar. Nomes, premissas e currículos de toda a equipe faz com que a gente acredite que tudo vai ser muito bom. Na maioria das vezes acabamos nos decepcionando com ideias mal elaboradas, roteiros ruins e atores medianos. A gente sabe que nunca é bom criar expectativa demais. Mas mesmo assim continua. Felizmente, desta vez a expectativa foi recompensada.

Quando anunciou-se uma nova série envolvendo fenômenos sobrenaturais e perseguição, e os nomes de J.J. Abrams e Alfonso Cuarón, era óbvio que expectativas seriam criadas. E alimentadas por cartazes, promos, entrevistas e afins. Quando a NBC finalmente estreou o seriado no último dia 10 de março, tudo o que se imaginava foi visto. E um pouco mais.

Cuarón é um mestre do cinema. Consegue construir tramas e cenas de uma qualidade impressionante. Já demonstrou isso roteirizando e dirigindo Filhos da Esperança, E Sua Mãe Também e mais recentemente em Gravidade, que lhe rendeu dois Oscars justamente nestas categorias este ano (direção e roteiro). São seus… a direção e o roteiro do episódio piloto. Ao seu lado, J.J. Abrams: criador de um dos maiores fenômenos da TV nos últimos anos (Lost) e hoje diretor de filmes como Super 8, a nova saga Star Trek e o novo Star Wars (programado pra 2015). Ou seja: como não criar expectativas??

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Quando o episódio piloto começa vemos a pequena Bo (Johnny Sequoya) no banco de trás de um carro em movimento. Feliz, a garotinha canta uma canção enquanto o pai dirige e a mãe acessa emails no celular. Chove. De repente um carro bate ao lado deles e eles caem pra fora da pista, capotando várias vezes. A mãe sai do carro com Bo nos braços enquanto o pai fica de ponta cabeça preso no banco. Uma moça se aproxima, oferecendo ajuda e mata o pai, ainda preso. Ela então sai atrás da mãe e a encontra caída na chuva com Bo nos braços. A moça novamente se aproxima e mata também a mãe, se preparando para pegar a menina quando um outro homem se aproxima se anunciando médico e avisando que o socorro está a caminho. Detalhe: tudo isso num take só, sem nenhum corte de câmera, numa cena de 3 minutos. Não dá pra explicar o choque que esta cena inicial causa de imediato. Seja por sua perfeição técnica (a câmera capota dentro do carro e junto com a mãe também sai do carro após o acidente) ou pelo perigo que já está iminente ali: tem alguém que fará de tudo para pegar esta menina. A cena muda totalmente para uma prisão, onde um padre visita um detento meia hora antes dele ser executado. Logo descobrimos que este padre é na verdade Milton Winter (Delroy Lindo), enviado ali para salvar o detento em questão (Tate, interpretado por Jake McLaughlin) para que este passe a ser o protetor de Bo. Pronto. Em menos de 10 minutos temos bem claro quem são os mocinhos e quem são os vilões.

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JJ Abrams e Alfonso Cuarón: as mentes por trás de Believe

Ao longo do episódio vamos então descobrindo quem quer pegar a menina e porque. Descobrimos que desde quando nasceu Bo tem poderes especiais, como levitar objetos e “sentir” o que as pessoas estão sentindo quando estas se aproximam dela. Somos rapidamente cativados pela interpretação sincera de Sequoya e por seus olhos espertos, hora assustados, hora curiosos. Tudo se desenrola tão rápido e ao mesmo tempo em tantos pormenores, que quando este primeiro episódio acaba já estamos ansiosos pelo segundo.

A jornada de Bo e Tate não será fácil, e não será somente sobre salvar a menina e mantê-la escondida. Será um longo caminho, Tate é avisado que passará anos com a menina sob sua tutela, por mais que a ideia não lhe pareça das mais interessantes. Claro que vamos ver a relação dos dois crescer. Claro que já temos um carinho enorme por Bo e ao vê-la interferir com seus “poderes” nas vidas de pessoas comuns ao seu redor (como a cena com o médico Terry e a cantora “Senga”) temos certeza de que a menina vai tocar a vida de muita gente em seu caminho. Até mesmo de Winter e Channing (Jamie Chung), os ajudantes “do bem” da aventura.

Podemos não saber os motivos, a princípio. Por que alguns querem pegá-la e, ao mesmo tempo, por que outros devem protegê-la? Mas em se tratando de dois responsáveis pela criação de clássicos instantâneos (Super 8 e Gravidade que o digam), e depois de um episódio piloto tão espetacular, não podemos baixar nossas expectativas. Sabemos que muitas respostas e muitas perguntas ainda virão. É acreditar. E esperar.

Veja abaixo o promo da primeira temporada:

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