Com a divulgação do filme vencedor do Festival de Toronto esta semana, é seguro dizer que a corrida para o Oscar de 2015 já começou. Dois anos atrás, a audiência do festival se apaixonou pela performance de Jennifer Lawrence em ‘O Lado Bom da Vida’ e aplaudiu veementemente a atuação de Ben Affleck em ‘Argo’. No ano passado, ‘Gravidade’ deixou muita gente de queixo caído e ’12 Anos de Escravidão’ deixou a audiência aplaudindo durante os créditos e ovacionando de pé após a exibição.
Esse ano essas reações não aconteceram. O público se levantou e saiu das salas comportadamente após as exibições e nas festas posteriores se contentaram em elogiar os filmes. Descrições como “muito bem realizado”, “maravilhosos atores” e “muito bom” foram ouvidas e não passou disso. Agora, depois do término dos festivais de Telluride e Toronto (os dois festivais que tiveram exibições e premieres da maioria dos vencedores do Oscar nos últimos anos), um patamar está aberto envolvendo filmes exibidos anteriormente durante o ano (como ‘Boyhood: Da Infância à Juventude’ ou ‘O Grande Hotel Budapeste’) tendo quase as mesmas chances de uma indicação dos exibidos nos festivais ou de outros ainda por estrear (como ‘Garota Exemplar’, ‘Inherent Vice’, ‘Invencível’ ou ‘Interstellar’, por exemplo).
Isso sem mencionar ‘Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo’ e ‘Birdman’. O primeiro estreou em Cannes antes de Telluride e Toronto, sendo aplaudido em todos. O filme de Bennett Miller conta a história da loucura de John E. du Pont, o milionário excêntrico que atacou o programa Olímpico americano de luta e acabou por assassinar o treinador Dave Schultz em 1996 e, embora o tom do filme pareça ser de maior agrado a festivais que à Academia de Cinema, o filme parece ter boas chances.
E tem ‘Birdman’, o incrível filme de Alejandro González Iñarritu sobre um ex intérprete de super-herói (Michael Keaton) tentando desesperadamente reerguer sua carreira na Broadway. O filme esteve em Telluride e Veneza, não sendo exibido em Toronto por problemas de agenda e recebeu críticas calorosas. Mas talvez o estilo “Festim Diabólico” do filme não agrade muita gente na Academia, que prefere filmes mais certinhos e tradicionais.
Com isso em mente, pode-se dizer que pelo menos três títulos exibidos em Toronto estão garantidos entre os indicados a melhor filme do ano que vem: ‘A Teoria de Tudo’, cinebiografia de Stephen Hawkins que vem arrancando elogios mundiais, especialmente pela interpretação de seus atores principais; ‘The Imitation Game’, o vencedor de Toronto que conta a história do matemático Alan Turing, um homem que desvendou um enigma durante a segunda guerra mas foi condenado por “indecência” em virtude de sua homossexualidade e sentenciado à castração química pelo governo britânico. E ‘Foxcatcher’.
Vários destes títulos estão numa lista que publicamos em março deste ano, sobre prováveis títulos no Oscar do ano que vem. Veja AQUI.
Mas aparentemente os mais aplaudidos em Toronto este ano não foram os filmes, mas os atores. Alguns dos prováveis indicados no ano que vem estão entre os filmes preferidos também:
Eddie Redmayne:
a certeza mais concreta de todas. A performance de Redmayne como o físico Stephen Hawkins em ‘A Teoria de Tudo’ levou a platéia às alturas com a entrega para a deterioração física de Hawkins em cena.
Jake Gyllenhaal:
como um homem pobre e ambicioso de Los Angels em ‘Nightcrawler’, Gyllenhaal perdeu peso e adicionou um tom aterrador que impressionou para interpretar alguém que filma assassinatos e acidentes de carro como profissão.
Reese Witherspoon:
ano passado Toronto ferveu com a performance de Matthew McConaughey em ‘O Clube de Compras Dallas’ do diretor Jean-Marc Vallee. Este ano o mesmo diretor entrega outro retorno ao cinema, com Witherspoon no papel principal de ‘Wild’: uma mulher procurando significados para a vida na Costa do Pacífico depois de um divórcio e a morte de sua mãe.
Bill Murray:
depois de ter um dia só seu no festival, seu novo filme foi exibido. ‘St. Vincent’ é uma história cômica e tocante sobre um velho rabugento que acaba se tornando amigo de um menino vizinho. Depois da premiere o próprio ator chegou a derramar lágrimas.
Felicity Jones:
embora os holofotes de ‘A Teoria de Tudo’ caiam sempre sobre Eddie Redmayne, o filme não existiria sem Jones como sua esposa. Não é o papel típico de esposa coadjuvante. O filme é menos uma cinebiografia de Hawkins e mais o retrato de um casamento onde a força da mulher é a cola que os mantém unidos.
Benedict Cumberbatch:
o papel de Alan Turing em ‘The Imitation Game’ parece mais complexo que tudo o que o talentoso ator já fez até hoje. Retratar a complexidade de um matemático brilhante que sofria pressões durante a Segunda Guerra Mundial e que, além de tudo, era obrigado a ocultar sua homossexualidade por ela ser considerada crime pareceu uma tarefa hercúlea, que Cumberbatch realizou com precisão.
Julianne Moore:
não é novidade para Moore ser uma das atrizes mais aclamadas de Hollywood. Embora tenha sido a performance como a atriz envelhecida de ‘Mapa Para as Estrelas’ de David Cronenberg que tenha lhe dado o prêmio de melhor atriz em Cannes, foi com ‘Still Alice’ que ela ganhou aplausos em Toronto. No filme ela interpreta uma professora da Universidade de Columbia nos primeiros estágios da doença de Alzheimer.
Jennifer Aniston:
a maior surpresa de todas, esta pode ser a primeira indicação da atriz de Friends ao Oscar. ‘Cake’ ainda procura distribuidora para ser lançado nos cinemas, mas a atriz recebeu as melhores críticas de sua carreira, no que ela mesma chamou de seu “papel dos sonhos”. É certamente sua interpretação com menos glamour desde sempre: Aniston é uma mulher que enfrentou um acidente de carro e se torna obcecada pela história de uma companheira de grupo de ajuda que tentou o suicídio.
As informações são do Gulfnews e Los Angeles Times
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