É muito possível que se já tivessem inventado (oficialmente) o mash up de filmes e alguém resolvesse misturar Seven e O Exorcista o resultado seria algo bem parecido com Livrai-nos do Mal, que estreia nesta quinta feira no Brasil.
Um misto eficiente de ‘filme de investigação’ com ‘filme de possessão’, o longa que conta com Eric Bana encabeçando o elenco satisfaz nos quesitos principais das duas categorias: tem descobertas de pistas enigmáticas, tem mistérios escondidos, mentiras do passado e, claro, sustos e vozes perturbadoras.
Bana (de Munique, Hulk e Star Trek) interpreta Sarchie, um policial responsável pela ronda noturna e que se ocupa, basicamente, de casos de violência doméstica. Acompanhado por Butler (o comediante Joel McHale, de Community), encarregado das piadinhas, ele é o policial mauzão da dupla. Casado e com uma filha pequena, Sarchie acredita possuir um “radar” para casos perigosos que, como o amigo salienta, geralmente lhe rendem pontos e cicatrizes. É numa ronda dessas, atendendo a um chamado aparentemente simples de violência, que os policiais vão se deparar com o início de um mistério que envolverá um deles mais diretamente.
Baseado em relatos reais, a história de Livrai-nos do Mal intriga e vai nos dando pistas e cenas de arrepiar enquanto Sarchie vai desvendando o mistério e se aproximando do padre Mendoza (Édgar Ramirez, de O Ultimato Bourne e A Hora Mais Escura), que parece ter a explicação para muitos dos fenômenos que o policial presencia. Com algumas cenas mais assustadoras que a média (como a cena na jaula dos leões e a com a corujinha de pelúcia), o filme não foge de vários clichês dos dois gêneros que toma como fonte, é claro, mas nem por isso é um filme ruim.
O filme é adaptado do livro “Beware the Night”, escrito pelo próprio policial Ralph Sarchie em parceria com Lisa Collier Cool. Uma auto-biografia que conta como ele, hoje em dia aposentado após uma longa carreira policial, enfrentou o sobrenatural em seus dias de plantão na polícia de Nova York, mais especificamente no bairro do Bronx. Como o carrancudo policial autor do livro, Eric Bana não entrega uma performance arrebatadora, é bem verdade. Nem o restante do elenco, mas o que se espera de um filme de terror não é necessariamente interpretação de seus atores. Raros são os casos em que ela se sobressai a uma história eficiente e realmente envolvente.
Com a enorme leva de filmes do gênero que vem pipocando quase todo mês nos cinemas, é realmente difícil se surpreender ou encontrar alguma novidade. Mas ao misturar a investigação policial com o horror, o diretor e roteirista Scott Derrickson (que também assina direção e roteiro do ótimo A Entidade e de O Exorcismo de Emily Rose – outro filme que mistura gêneros) cria um longa acima da média geral. O ápice do filme é aterrorizante, por mais que previsível, e as explicações do mistério são suficientes para satisfazer o público. Só por estas últimas afirmações já dá pra dizer que vale a pena perder seu tempo e levar alguns sustos no cinema.
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