Um levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) aponta que o Brasil teve 313 assassinatos de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais ou travestis (LGBT) em 2013, enquanto um país como o Chile registrou apenas quatro homicídios do tipo no ano passado.

Em números absolutos, a cifra no Brasil é quase 80 vezes maior do que o indicador chileno, mas a população do Chile é mais de dez vezes menor – cerca de 18 milhões de pessoas, enquanto o Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes. Aplicadas as diferenças, a proporção de mortes por homofobia em território brasileiro ainda é mais de sete vezes maior do que no Chile.
A pesquisa divulgada pelo antropólogo Luiz Mott, fundador do GBB e um dos pioneiros do movimento no Brasil, foi baseada em notícias divulgadas pela imprensa e em ocorrências registradas principalmente em cidades do interior do país, onde a estrutura de defesa de direitos humanos é mais precária. O ativista calcula que 44% dos casos de homofobia letal identificados em todo o mundo ocorrem em cidades brasileiras.
O levantamento aponta que, apenas no último mês, 16 ocorrências de mortes por homofobia foram registradas no Brasil. De janeiro até hoje, foram 218 mortes de LGBTs no país, incluindo 71 por tiros, 70 a facadas, 21 espancados, 20 por asfixia, 11 a pauladas e seis apedrejados, entre outros.
Apesar dos números apontarem que a maior parte dos casos envolvem gays (124), Mott afirma que os transexuais são proporcionalmente os mais afetados pelos crimes. “Enquanto os gays representam 10% da população, cerca de 20 milhões, as travestis não chegam a 1 milhão e têm número de assassinatos quase igual ao de gays”. Em 2014, 84 travestis foram assassinadas, número bem superior ao de lésbicas (cinco) e bissexuais (dois).
“Nunca se matou tantos gays e, sobretudo, lésbicas, que tiveram um número muito maior de assassinatos do que em anos anteriores”, lamentou Mott. Ele diz ainda que a única forma de redução das ocorrências fatais é a criminalização da homofobia. O ativista avalia que há um Brasil cor-de-rosa das paradas gays e um Brasil vermelho, “que pode ser representado pelos crimes e por amostras dadas por pessoas públicas como (o candidato à Presidência da República) Levy Fidelix (PRTB). Se ele tivesse falado metade do que disse sobre negros, já estaria preso”, acrescentou.

A pesquisa só reforça a necessidade urgente da criminalização da homofobia no país. Às vésperas da eleição presidencial, talvez seja hora de pararmos para pensar nas propostas dos candidatos a esse respeito, quem se pôs a favor, quem se pôs contra, quem mudou de opinião no meio do processo… é de vital importância.
Do BOL