Resenha do site – Annabelle

Annabelle-posterConfesso que diante do burburinho que se formou antes da estreia de Annabelle, e como alguém que gostou muito de Invocação do Mal, era inevitável ir ao cinema.

Ok, podemos sempre dizer que os atuais filmes de terror pecam pela falta de originalidade e pela semelhança. Afinal, assim logo de cara, é bem complicado saber qual é Invocação do Mal, A Entidade ou Sobrenatural. Mas cada um deles em separado tem suas qualidades. Claro que não são exatamente inovadores, até porque hoje em dia é bem difícil inovar de verdade.

Mas se tornaram fenômenos de público. Em seu primeiro final de semana de exibição, Annabelle (que custou $6.5 milhões de dólares, valor baixíssimo para os padrões americanos) já tinha superado em nove vezes seu custo.

Spin-off de Invocação do Mal, Annabelle conta a história da origem da boneca que aparece no filme. Aparentemente amaldiçoada, neste novo filme veremos de onde vem o mal que a habita e quais seus propósitos.

De certa forma, Annabelle é sim, diferente de muitos filmes do gênero. Não é como Brinquedo Assassino, em que o boneco Chuky esfaqueva e matava pessoas depois de possuído por um demônio. Mais do que isso não dá pra falar pra não estragar o filme, mas a boneca em si é mais um veículo que um fim, por assim dizer.

Com extremo cuidado, o diretor John R. Leonetti e o roteirista Gary Dauberman constroem o que é essencialmente uma trama muito bem solidificada no drama de um casal que acaba de ter um filho. A história bem costurada e construída não precisa de muitos personagens e nos situa na situação daquela família rapidamente.

Ângulos de câmera muito bem pensados fazem com que vejamos as coisas quase com nossa visão periférica, às vezes com a cena limitada a um canto da tela, propositalmente. Mia (Annabelle Wallis) está a maior parte do seu tempo sozinha em casa com seu bebê e as câmeras fazem questão de nos mostrar a vastidão solitária de seu apartamento. A presença da boneca é constante e quase palpável, mesmo quando ela não está em cena, e o marido John (Ward Horton), prestes a declarar a loucura da esposa, vai contribuir para a rápida decadência da sanidade de Mia diante de acontecimentos que ela não entende.

Bem construído, com alguns clichês do gênero, claro, Annabelle se sai melhor justamente onde se esperava não fosse sobressair. Por diversas vezes a cena prepara o clímax do clichê, aquela cena que todos vemos em filmes de terror e…. não acontece. Seguramos a respiração esperando o susto e soltamos aliviados para, claro, levarmos o susto logo depois. Essa brincadeira com a expectativa do público é uma jogada excelente. Além disso, o filme não renega um passado hollywoodiano de ícones do terror. O carrinho em que Mia carrega o bebê é exatamente igual ao que Mia (coincidência?) Farrow usa em O Bebê de Rosemary, de 1968. Seu cabelo loiro é também referência óbvia a Farrow e outra mocinha de vida aterrorizada: a pobre Katherine Thorn de Lee Hemick em A Profecia, de 1976.

Seja pelas referências, pela boa construção da história, pela interpretação de seus atores ou mesmo pelo suspense e agilidade, Annabelle justifica seu público. Um ótimo filme de terror, simples e eficiente, que não abusa do sangue ou de efeitos para satisfazer. Sustos e pesadelos garantidos.

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