
Você já deve ter ouvido Hideaway. Ou No Enemiez. As duas canções tomaram as rádios e charts internacionais e chegaram facilmente ao todo das paradas. A mistura de sonoridade dos anos 90 com batidas eletrônicas e a voz forte da cantora trouxe uma das melhores coisas da música pop dos últimos anos. Mas Kiesza não foi sempre cantora.
A artista já foi sondada para ser atiradora de elite do Exército canadense, mas diz que não se via capaz de atirar em alguém. Foi quando estava na Marinha que aproximou-se da música. Hoje, aos 26 anos, aproveita o sucesso, graças ao hit Hideaway, que estreou no primeiro lugar das paradas britânicas.
O contato de Kiesa Rae Ellestad, seu nome verdadeiro, com artes vem desde cedo. Começou no balé aos 3 anos. Aos 9, ensaiava cinco vezes por semana, de três a cinco horas por dia. Aos 15 anos, veio o que chamou de “grande decepção”, ela teve de deixar a dança.
“É a história clássica. Tive uma lesão e tive que abandonar o balé… Doía tanto que eu literalmente não conseguia andar”, disse ao programa Outlook, da BBC
Junto ao balé, dedicava-se aos mares. Começou a velejar aos 13. “Fazia só por diversão no verão, e amava. E era naturalmente boa nisso.”
Quando largou a dança, se entregou de corpo e alma à vela. Alistou-se, então, na Marinha canadense. Pensou que, ali, teria uma carreira.
Ela conta ter integrado um programa que aceitava jovens de 13 a 18 anos. Aos 17, velejou como voluntária ao Havaí.
“O treinamento parecia legal e divertido. Era duro,foi bem difícil. Você vê as pessoas correndo nos filmes. (Mas) eles te forçam a correr até você ficar destruído, sério!”
Mas o físico de Kiesza, tal como hoje, estava longe de ser um modelo militar. “Eu tinha 12 anos de balé, então eu parecia uma vara!”
Da vela ao tiro
Começou com pequenos barcos, conta. Rapidamente tornou-se instrutora e integrante da equipe de competições da Marinha. Chegou a ser sondada para integrar o time olímpico.

Vieram, então, embarcações maiores. “Exatamente como as de Piratas do Caribe“, brinca.
“Você realmente aprende muito. Acredito que (a experiência) realmente definiu a pessoa na qual eu me tornei. Quando você está confinado num navio com 40 pessoas e num espaço muito, muito pequeno, você tem que trabalhar com estas pessoas. Você não pode ir a lugar algum!”, diz.
“A única opção é aprender a trabalhar com as pessoas. Não importa o que aconteça.”
Veio, então, a música. No navio, aprendeu a tocar violão. Diz que sempre tinham instrumentos a bordo, como bateria e violão. “As pessoas levavam tudo, qualquer coisa portátil. Menos piano!”
Não sabe ao certo quando começou a cantar. “Eu tinha 16 ou 17 anos. Estava na Marinha… (Não me lembro) porque em um determinado momento era só navio, navio, navio!”
Também na Marinha, mostrou-se competente atiradora. “Não sei se foi sorte de principiante e se conseguiria fazer isso de novo, mas até ganhei um prêmio. Era a primeira vez que eu atirava. Na verdade, era a primeira vez que eu pegava numa arma.”
Conta ter sido sondada para transferir-se ao Exército e ser treinada numa unidade para atiradores. “Disse ‘não’, nunca tinha imaginado ser uma soldada.”
“Quando percebi que a coisa estava ficando séria, que eu era vista como uma espécie de ‘máquina da morte em potencial’…Foi por isso que eu sai.”
‘Instinto natural’
Kiesza diz ter sempre sido uma pessoa musical. “No balé, velejando, eu estava cantando. Velejando, eu cantava. Na Marinha, engraxando botas, eu cantava. As pessoas até falavam: ‘você deveria ser uma cantora’.” Ela aprendeu a tocar violão. Passou, então, a compor músicas.

“Percebi que poderia ter um instinto natural de compor. Então, fui a uma escola de música. Fiz um pouco de jazz, participei de uma banda de rock, de repente, com cinco estudantes da faculdade. Ensaiamos por seis horas e caímos na estrada.”
Já fora da Marinha, escrevia uma música por dia. Descobriu uma carreira. “Adorava compor. Descobri que ser uma compositora era uma grande coisa para mim.”
Mas o caminho não foi fácil. Diz ter passado dois anos “batendo em várias portas” apresentando suas canções. “Ninguém queria dar chances para uma nova compositora.”
Em Nova York, com ajuda de um produtor conhecido seu, conseguiu acesso ao mundo do showbiz e suas composições começaram a chamar a atenção de artistas famosos.
Desde então, escreveu várias músicas para Rihanna, mas nem todas foram gravadas. No filme de animação Cada Um na Sua, teve sua música Feel the Light cantada por Jennifer Lopez.

O clipe de Hideaway, com diversos dançarinos, foi gravado numa rua do Brooklyn, em Nova York, numa só sequência com uma única câmera.
“Fizemos algumas vezes depois mas as coisas começaram a dar errado, choveu… Não tínhamos orçamento, nenhuma permissão – acho até que era ilegal!
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