Ilustrador catarinense cria retratos de celebridades apenas com lápis de cor

Ele é de Florianópolis e afirma nunca ter feito nenhum curso de ilustração. Will Costa diz desenhar desde criança, e o que começou como brincadeira hoje se desenvolveu em um talento enorme. Suas ilustrações feitas somente com lápis de cor já foram parar mas mãos de artistas como Ivete Sangalo, Xuxa, Sandy, Clarice Falcão e Paulo Gustavo. Já estamparam camisetas no show de Ivete Sangalo e já foram foto de perfil do Facebook de Nicki Minaj.

O Pausa Dramática fez uma entrevista exclusiva com o ilustrador que acaba de lançar também uma marca própria de roupas. Dá uma olhada:

– Você afirma que desenha desde criança e que sabia que isso estaria ligado ao seu trabalho quando adulto. Como o desenho se encaixou em sua vida profissional? Qual a sua experiência nesse sentido?

Eu sempre desenhei por hobby, pra mim mesmo, desde criança. Quando as pessoas pediam algum desenho eu tinha vergonha de cobrar, porque nunca encarei como um trabalho. Porém, a cada dia mais pessoas me procuravam pra encomendar desenhos e eu naturalmente fui percebendo que eu poderia trabalhar com algo que eu amo fazer, e passei a levar isso à sério. Então eu abri a página no Facebook e o reconhecimento das pessoas ao meu trabalho foi, e está sendo, surpreendente e muito gratificante.

– Dentre suas referências você cita Walt Disney. Já pensou em fazer uma série com personagens Disney redesenhados?

Com certeza! Aliás, os primeiros desenhos que eu postei na minha página eram bem inspirados nos traços dos personagens Disney. Ainda quero fazer uma série com personagens, não só da Disney, mas de outros desenhos e séries.

– Como você faz pra entregar as ilustrações aos artistas? É difícil o acesso?

Na verdade eu só vou quando já está certo que ele vai me receber. O lado bom de divulgar pela internet é que os fãs desses artistas se encarregam de compartilhar meus desenhos e o próprio artista acaba vendo. Então na maioria dos casos a própria produção desses artistas me procura para combinarmos o encontro e a entrega do quadro.

– Como é seu processo de desenho? Você parte de uma fotografia e depois a “refaz” com as ilustrações? Como é a escolha dos artistas desenhados?

Eu escolho um artista pra desenhar, busco em bancos de imagens alguma foto dele que eu ache que vá combinar com o meu estilo, e se eu não acho eu pego várias fotos como referência e “crio” uma foto daquele artista com o meu traço. A escolha desses artistas muitas vezes é por vontade própria mesmo, artistas que eu gosto e tenho vontade de desenhar, mas ultimamente eu também tenho feito enquetes na minha página, onde eu sugiro dois artistas e o mais votado será o meu próximo desenho. É uma interação bacana, que mobiliza até alguns fã-clubes.

– Você acha que a internet democratizou a arte ou por causa de ser facilmente copiada acabou por “prostituir” os trabalhos e artistas?

Eu acho que acontecem as duas coisas. Muita coisa enlatada vem junto com esse constante avanço tecnológico, muita informação é jogada na tela das pessoas, vemos cópia da cópia da cópia, e é preciso ter um diferencial pra se destacar em meio a tantos recursos que facilitam a vida do artista e do “artista”. Porém não se pode negar o fato de que a internet também é responsável por tornar o trabalho de excelentes profissionais acessível àquelas pessoas que nunca tiveram a oportunidade de visitar uma galeria, por exemplo. Quem acompanha a minha página pode ver que eu faço questão de publicar fotos mostrando o andamento das minhas ilustrações e gravar vídeos que mostram todo o processo, do primeiro traço à assinatura, porque eu acho importante que as pessoas ainda valorizem aquilo que é feito manualmente, que vem de dentro do artista e sai direto pro papel.

– Já existiu algum retorno financeiro bacana destas ilustrações?

Apesar de a minha página ter apenas 7 meses, muita coisa bacana tem acontecido nesse período. O reconhecimento profissional felizmente traz consigo novos clientes e, consequentemente, um bom retorno financeiro. É muito cedo pra falar em “viver de arte”, mas posso dizer que tenho conseguido pagar minhas contas com o retorno que tenho tido.

– Você pretende fazer uma exposição física? Guarda uma cópia dos desenhos que presenteou ou vende? Já pensou em algum outro meio de divulgação, como livros?

Sim, a minha primeira exposição deve acontecer ainda esse semestre, aqui em Florianópolis. Os desenhos originais que eu faço dos artistas eu sempre peço pra eles autografarem e guardo pra mim. O que eu dou de presente é a ilustração impressa, já com aquele fundo personalizado. Sobre os outros meios de comunicação, eu acho ainda um pouco cedo pra publicar um livro, mas pretendo esse ano expandir o meu trabalho a outros meios além da internet, sim.

– Pretende levar suas ilustrações para sua coleção de roupas?

Com certeza! Devido à quantidade de ilustrações que têm surgido pra eu fazer, ultimamente não tenho conseguido me dedicar tanto à Fly quanto eu gostaria, mas a próxima coleção vem em breve com estampas todas desenhadas por mim.

– Como é sua vida profissional hoje? Você consegue encaixar sua paixão pelo desenho nela?

Completamente. No momento eu trabalho somente como ilustrador e administrador da minha marca. Além de tudo ainda sou músico. Eu até já trabalhei em coisas bem distantes do meio artístico, lojas, call-center, mas hoje eu não conseguiria mais trabalhar em algo que não fosse relacionado à ilustração.

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