Resenha do site – Será Que?

Será-Que_Poster_baixaComédias românticas são, por si só, um gênero que não prima exatamente pela originalidade. Mesmo os fãs do gênero (como eu) conhecem sua fórmula: casal improvável passará por provações até o final feliz. Um número musical aqui, um amigo ou parente engraçadinho ali, uma pitadinha de sexo acolá, uma ceninha triste mais além e pronto. Na subdivisão das comédias românticas estão os filmes quem que os dois são amigos e invariavelmente um se apaixona pelo outro.

É dessa subdivisão que Será Que? faz parte. O filme, que estreia esta semana no Brasil, põe Daniel Radcliffe e Zoe Kazan (de Ruby Sparks: A Namorada Perfeita) como o par principal. Em uma festa, Wallace (Radcliffe) conhece Chantry (Kazan) e ali os dois se tornam grandes amigos. As intenções do rapaz são outras, mas ao deixá-la em casa ele descobre que a moça tem namorado sério. Então o drama de Wallace começa, ao se apaixonar por uma garota comprometida. Ele acabou de se recuperar do término de um namoro (que ocorreu há um ano) e via na engraçada Chantry sua salvação.

Exemplos de filmes com a mesma temática que funcionam são vários. Um dos melhores é justamente uma das fontes em que Será Que? bebe: (500) Dias Com Ela. O longa de 2009 do diretor Marc Webb trazia um texto rápido e inteligente, situações realistas e um casal carismático, formado por Joseph Gordon-Levitt e Zoey Deschanel. Mas então se Será Que? se inspira nele, é tão bom quanto? Bom, não.

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Adaptado de uma peça de T.J. Dawe de 2003, o longa com roteiro de Elan Mastai e direção de Michael Dowse se perde na tentativa de fazer graça. Se Gordon-Levitt e Deschanel pareciam espirituosos e inteligentes, Radcliffe e Kazan, conseguem no máximo parecer petulantes, como aquelas pessoas que tentam o tempo todo dizer algo engraçado mas não conseguem. Não há uma linha do roteiro de Será Que? que soe natural, que não pareça ensaiada para fazer graça. Nada do que eles dizer sairia da boca de pessoas reais.

Ok, então pensemos em outro exemplo: o dos filmes onde a amizade pode se tornar algo mais. Em 2011, Mila Kunis e Justin Timberlake soltavam faíscas em cena como o casal de amigos de Amizade Colorida. A química entre os dois era visível, a sintonia dos atores quase palpável. Novamente, em Será Que? isso não funciona. Não existe química, não existe sintonia e muito menos faíscas. Não existe sequer sexualidade. É claro que Kunis e Timberlake eram também excelentes exemplos da espécie, e Radcliffe e Kazan conseguem ser no máximo exóticos. Além de, em determinados momentos, parecerem duas crianças em cena. Não tem clima, não tem sex appeal. Se Daniel Radcliffe pretende criar uma carreira sólida no cinema e se desvincular de Harry Potter de vez, é melhor passar a escolher melhor seus filmes.

Um casal que soa e parece falso, um texto artificial, situações mais que comuns até o ponto em que o filme se torna arrastado e a única sensação que você ainda tem é a fome despertada pelo sanduíche bizarro que os dois citam. Será Que? consegue ser menos que mais do mesmo em um gênero já não muito bem visto no cinema. É como se alguém falasse mal de alguém que já não tem uma reputação muito boa.A impressão final é que, por mais que os atores tentem (alguns, já que Adam Driver não ajuda em nada como o amigo chato), com um texto tão ruim e uma direção tao frouxa não deu certo. Será Que? Melhor Não.

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