Lilly James e Richard Madden não são grandes conhecidos do público. Ela participou de Downton Abbey e ele de Game of Thrones. Nenhum dos dois está mais nos seriados. Mas ganham os olhos do mundo como o casal protagonista de Cinderela, a nova adaptação live-action de um clássico da animação Disney feita pela própria Disney.
Depois de Branca de Neve (em Espelho Espelho Meu) e A Bela Adormecida (em Malévola), chegou a vez da Gata Borralheira ganhar nova roupagem. Mas diferentemente do que aconteceu com os anteriores, a história permaneceu igual ao clássico, sem mudanças radicais (como aconteceu principalmente em Malévola).
Lilly James é Ella, uma jovem inocente e apaixonada que vê no amor e na dedicação pelo pai (agora viúvo) sua razão de viver. Quando o pai anuncia que irá casar novamente e que Ella ganhará uma madrasta e duas irmãs, a jovem não imagina como sua vida irá mudar. Anastasia (Holliday Grainger), Drisella (Sophie McShera, também de Downton Abbey) e, principalmente, sua madrasta (Cate Blanchet) irão transformá-la em escrava dentro da própria casa e excluir a moça de quaisquer eventos sociais. É somente quando Ella foge que conhece um rapaz na floresta capaz de lhe trazer de volta o sorriso e o brilho nos olhos. Este rapaz, é claro, é o príncipe encantado (Richard Madden), aqui chamado de Kit, e está prometido pelo rei para outra princesa por conta de arranjos econômicos interessantes para o reino.
Claro que a história vai mudar e o verdadeiro amor vai prevalecer. Isso é de conhecimento de todos, assim como o desenrolar da coisa toda com Fada Madrinha, carruagens de abóbora, sapatinhos de cristal e badaladas à meia noite. Mas o que importa aqui não é a repetição da mesma história, afinal contos de fadas estão aí pra isso, mas a maneira como ela está sendo contada.
Dirigida com firmeza, ainda que sem muita personalidade, pelo experiente Kenneth Branagh (que dirigiu, estrelou e adaptou a melhor versão de Hamlet para o cinema que a história já viu e que anos depois dirigiria Thor), o filme é belíssimo visualmente com figurinos deslumbrantes e cenários arrebatadores. O diretor mostra sua experiência em grandes cenas palacianas com cenas abertas repletas de personagens coloridos ou somente com Ella e o príncipe à luz do luar. A fotografia ainda encanta mesmo na casa mais afastada da mocinha, com suas paredes cheias de quinquilharias e árvores e plantas com ar bucólico.
Ao contrário do que aconteceu com Espelho Espelho Meu, a história não foi infantilizada por coadjuvantes engraçadinhos. O alvo de Cinderela permanece o mesmo: meninas apaixonadas que acreditam no príncipe encantado. Não que não existam homens também não possam gostar do filme. E não que príncipes encantados também não existam, mas a mensagem é clara: é um filme de meninas que querem ser princesas. Vale lembrar que A Bela e a Fera, Mogli, Dumbo, Mulan e Ursinho Pooh já estão com suas verões live-action encomendadas.
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Além da belíssima fotografia e direção de arte, duas atrizes são pontos altos do filme: a beleza, o talento e o requinte da malvada madrasta de Kate Blanchet enchem a tela. Os olhares, gestos e sorrisos da atriz mostram claramente o quanto ela está se divertindo com o papel. Assim como Helena Boham Carter, que encarna a amalucada Fada Madrinha e se despe dos figurinos bizarros de costume e literalmente saltita em volta da mocinha com sua varinha mágica fazendo piadinhas e transformando camundongos em cavalos e trapos em belíssimos vestidos.
Em suma, Cinderela é a modernização de um clássico que mantém sua essência ingênua e inocente (em momento algum existe conotação sexual entre o príncipe e Ella). É uma nova visão para um novo público: um novo público que ou se recuse a ver a versão animada de 65 anos atrás ou para um público que já viu, reviu e decorou o clássico da Disney.