Em 2013 quando o primeiro filme de Uma Noite de Crime chegou aos cinemas nós tivemos uma grata surpresa. Uma ideia nova, inovadora que apresentou um filme interessante e tenso em um terror que nós nunca tínhamos visto.
De lá pra cá The Purge virou saga e ganhou série. E esta semana estreou no Brasil o quarto filme: A Primeira Noite de Crime.
Mantendo o frescor de seu original, filme após filme a saga conseguiu contar diferentes histórias dentro de seu universo único. E desta vez não é diferente.
Mostrando como foi a primeira experiência que deu origem à hoje já conhecidas 12 horas de crime autorizado, A Primeira Noite de Crime mostra o “experimento social” do governo americano que resultaria na lei.
A cada filme, a saga foi aumentando o seu tom político e se, da primeira vez alguns de nós poderíamos achar que se tratava de uma boa ideia autorizar os crimes para diminuir a criminalidade, hoje já temos certeza que não, nunca será uma boa ideia.
Aqui a história mostra como o governo dos EUA, com a desculpa de se tratar de um experimento psicológico, usa a experiência para atacar os mais pobres e menos favorecidos.
A primeira tentativa acontece em um bairro pobre americano, predominantemente negro e latino. Ao anunciar o “experimento social”, o governo foca em prédios populares. E, ao perceber que as coisas não estão indo como o planejado e que as pessoas não estão comentendo atos de violência extrema, toma as rédeas da situação para manipular números e transformar o resultado da forma que desejam.
Muito mais um terror político e racial que um slash movie (seu elenco é praticamente todo negro), A Primeira Noite de Crime demonstra como um argumento pode ser distorcido até o ponto que uma política social se torna meramente o extermínio de um nicho da população. Se no início do filme as pessoas não se veem dispostas a matar, ao longo de uma hora e meia vão se vendo obrigadas a isso para sobreviver.
Um filme assustador. Não pelo terror cinematográfico mas pelo teor e sua trama. E pela possibilidade de que algo parecido possa realmente acontecer.
A boa mão de James de Monaco, roteirista de todos os filmes e da série, conta de forma magistral a transformação de seus personagens. A ponto de começarmos o filme antipatizando com alguns deles e terminarmos torcendo por eles.
A série derivada dos filmes, aliás, segue o mesmo caminho intenso: vamos da apresentação dos personagens ao que os leva a cometer crimes. Ainda que isso vá contra tudo o que acreditam.
The Purge é um universo único no cinema. Uma trama que ainda pode render infinitas histórias e que se mantém fresca e, mais importante, aterrorizante em seu quase-realismo. Aqui não é um assassino mascarado que nos assusta. Ou um fantasma ou uma boneca possuída. Mas a possibilidade que tudo aquilo que vemos na tela possa estar do lado de fora (ou de dentro) da nossa porta.
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