30 curiosidades para lembrar 30 anos sem Cazuza

Foi no dia 07 de julho de 1990 que o Brasil perdeu um de seus maiores poetas da música. Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 4 de abril de 1958 e faleceu aos 32 anos em decorrência da AIDS. Se estivesse vivo, o cantor e compositor teria hoje 62 anos.

Cazuza era inquieto e absurdo. Se tivesse nascido nos anos 2000 certamente teria sido diagnosticado com hiperatividade e défcit de atenção. Mas (ou talvez justamente por isso) era genial. Sua história foi contada no longa Cazuza – O Tempo Não Para, em que Daniel de Oliveira encara o desafio de forma brilhante. Dirigida por Sandra Werneck e Walter Carvalho, a cinebiografia foi lançada em 2004. O filme está disponível na Amazon Prime, Google Play e AppleTV.

Olha só 30 curiosidades para lembrarmos de Cazuza. E aproveita e põe as músicas do cantor aí pra rodar:

1- Físico

Cazuza media 1,76 de altura e pesava em torno de 68 quilos (antes de adoecer). O número de seu sapato era 42 (nós vimos um tênis na SVC).

2- Comida

Pelo que dizem pessoas que o conheceram, Caju era bom de garfo, comia bem. Gostava de muitas coisas diferentes. É difícil dizer qual era seu prato favorito, mas ele adorava camarão. Bobó de camarão, risoto de camarão, e até camarão com chuchu (que segundo Bebel Gilberto – que contou isso numa entrevista – era uma de suas paixões)! Ele gostava muito de comida baiana. Quanto à bebida, no que diz respeito às alcoólicas, ele bebia de tudo. Mas o uísque era indispensável pra ele. Ele costumava carregar uma garrafa de uísque dentro da mochila, para onde quer que fosse. Quando não queria ficar “doido”, colocava água no uísque e bebia aos poucos. Costuma acabar com uma garrafa inteira, ao longo do dia! Nos bares, porém, ele detonava todas, e ficava “doido”, pois ali tudo era permitido. Cazuza não dispensava uma boa roda de cerveja ou chope com amigos (e também bebia cerveja em casa, sozinho). Vinho, conhaque, champanhe, tequila e até cachaça… Cazuza não dispensava uma birita.

3- Rock in Rio

Nos dias 15 e 20 de janeiro de 1985, o Barão Vermelho se apresentou na primeira edição do Rock in Rio. O show do dia 15 coincidiria com a eleição do presidente Tancredo Neves, simbolizando o fim da ditadura militar. Cazuza anunciou esse fato ao público presente e para comemorou cantando Pro Dia Nascer Feliz.

4- Esportes

Cazuza era poeta, intelectual e não se ligava em esportes. O pai, que sempre gostou de jogar vôlei e futebol, bem que tentou, em vão, fazer o filho se interessar por essas suas paixões. Essa não era a de Cazuza. Mas, como todo (ou quase todo) brasileiro que se preze, Caju torcia por um time: o Flamengo.

5- Fotografia

Cazuza estudou fotografia nos EUA. Ele gostava bastante de fotografar e de ser fotografado, posar para fotos. Ele tinha preferência por fotos em preto-e-branco.

6- Casa em Petrópolis

Quando ia para a casa de seus pais em Petrópolis, Cazuza se recusava a ficar na casa de fora, construída especialmente para ele receber seus amigos e fazer suas farras. Ele gostava mesmo era de ficar na casa principal, onde adorava vestir as roupas de seu pai. Ele, na adolescência também tinha mania de usar a aliança de seu pai, que acabou toda amassada, em um acidente de carro sofrido por Cazuza e seus amigos.

7- Cachorros

Cazuza gostava de cachorros e costumava dar nome de gente aos seus cães, como Wanderley, um belo vira-lata que acompanhou Cazuza por muitos anos. O nome dele foi uma brincadeira com o cantor Wanderley Cardoso, por causa dos olhos do cachorro serem verdes como os do cantor. Depois que Cazuza se foi, Wanderley foi morar com uma empregada que tinha casa com quintal. No último ano de vida de Cazuza ele teve também o Mané, um cachorro marrom.

8- Medo de avião

Cazuza tinha medo de viajar de avião, principalmente sozinho. Mas ele viajava assim mesmo, afinal, às vezes não tinha outro jeito… Acabou se acostumando.

9- Barão Vermelho

Quando o Barão Vermelho foi formado, e eles começaram a fazer shows por várias cidades, o baixista Dé era menor de idade e Cazuza ficou sendo seu tutor. Caju era o mais velho do grupo e toda vez que eles iam viajar, tinha que assinar um documento se responsabilizando pelo Dé.

10- Holograma

Em 2013, Cazuza virou holograma para apresentação em São Paulo – repetida no Rio no ano seguinte. A banda que acompanhou a projeção era formada por nomes como o George Israel, Leoni, Guto Goffi, entre outros. O show com o holograma durou 20 minutos. Gal Costa e Paulo Ricardo interpretaram outros hits do cantor.

11- Hábitos

Cazuza tinha alguns hábitos interessantes: costumava roer unhas e torcer seus cachinhos (ele até cita isso na música “Por aí”). Ele, quando recebia amigos de outras cidades, adorava levá-los para conhecer a “cidade maravilhosa”. Caju era bastante distraído e quando pegava alguma coisa, tipo uma roupa, emprestada com um amigo, não devolvia mais!

12- Escola

O jornalista e apresentador Pedro Bial estudou com Cazuza na infância e na adolescência. Juntos entrevistaram Vinicius de Moraes para o colégio em que estudavam, o “Santo Inácio”, e se encantaram por aquela bebida que ele tomava (uísque). Assim , eles acabaram bebendo uísque junto com Vinícius. Quando já eram crescidos, Caju e Bial fizeram muitas farras juntos.

13- Cabelo

Quando Cazuza era adolescente, seus cabelos, que eram lisos na infância, ficaram encaracolados. Mas na época, não se usava cabelos cacheados, então Caju e um primo dele, foram levados por suas mães ao cabeleireiro para alisar o cabelo. Só que ficou horrível. Assim, Caju não deixou mais alisarem seus cachinhos.

14- Composições

Cazuza costumava escrever suas letras a qualquer hora. Compunha até de madrugada. Mas observamos que o horário em que ele mais gostava de compor era à tarde, após o almoço. Bebél Gilberto diz que o Caju encarava a casa de Petrópolis (Chamada de “Fazenda Inglesa”) como um local de trabalho. De manhã ele se divertia na piscina (chegava até a beber um pouquinho). Depois, almoçava bem, e então, à tarde, se recolhia para trabalhar. Dé conta que um dia chegou à casa de Cazuza, em Ipanema, no Rio, às 3 horas da tarde e ele estava escrevendo (e bebendo cerveja).

15- Paixão por carros

Desde criança, Cazuza era apaixonado por carros, e não demorou a trocar os de brinquedo pelo de verdade, de seu pai. Aos 12 anos já dirigia e aos 13 tinha a chave do carro! Sempre que algum parente comprava um carro novo, era obrigatório levar Cazuza para ver e dar uma volta. Cazuza gostava muito de velocidade e metia medo em quem não estava acostumado a andar com ele, de carro. Um amigo do Circo Voador (Waldir Leite) comentou que certa vez, Cazuza ofereceu carona a ele. Mas Cazuza já tinha bebido bastante (eles – toda a turma – iam sempre tomar chope depois dos ensaios das peças), e correu tanto e avançou tantos sinais fechados, que quando parou em frente da casa do cara, este jurou que nunca mais aceitaria uma carona do Caju! Já Bebél Gilberto, não se importava muito com isso. Estava acostumada e confiava no Caju. “Ele era muito bom ao volante”, contou Bebél, numa entrevista.

16- Propostas de gravadoras

Ao deixar a Som Livre em 86, Cazuza recebeu propostas de muitas gravadoras. Uma delas (Warner) queria que ele trabalhasse direcionado para o público gay e ele não aceitou. Outras fizeram boas propostas, mas a Polygram foi a escolhida porque, entre outras vantagens, ofereceu férias pagas para os músicos que tocavam com Cazuza.

17- Gosto musical

Cazuza gostava de muita coisa em termos de música. Da música pop americana dos anos 80, ele gostava do Prince (parece que chegou a conhecer Prince no Brasil), mas dispensava Madonna. Cazuza dizia que a Madonna era um “menudo”, que dali a poucos anos ninguém mais lembraria de que era ela. Ele teria acertado, se não fossem tantos discos polêmicos, tantos escândalos premeditados e tanta apelação por parte dela pra permanecer sempre na mídia!

18- Música para Jimi Hendrix

A música “Certo dia na cidade”, do primeiro CD do Barão Vermelho, que tem uma letra em que o Caju parecia prever seu próprio futuro, na verdade foi feita para Jimi Hendrix.

19- AIDS

No começo de 89, após assumir a AIDS, Cazuza estava num programa de TV em que a atriz Vera Fisher também estava presente. Ela lascou um beijo na boca do Caju e depois fez um comentário dizendo que não se pega AIDS com beijo.

20- Propaganda

A música “Solidão que nada”, de Cazuza, já foi usada numa propaganda da “Embratel”, por ter o verso “por mar, por terra ou via Embratel”.

21- Brigas com Frejat

Cazuza e Frejat estiveram de relações cortadas por duas vezes num mesmo ano. A primeira vez foi após a turnê pelo sul do Brasil, realizada pelo Barão Vermelho na primeira metade de 85. Após uma briga em que os dois quase se pegaram de porrada no palco, eles fizeram o restante da turnê sem se falar. De volta ao Rio continuaram brigados. Até que, no dia da festa de aniversário de Frejat, em maio, Ezequiel Neves perguntou se podia levar Cazuza. Frejat consentiu e Cazuza, que já havia bebido bastante, entrou deslizando de joelhos e abraçou as pernas do pai de Frejat dizendo: “Frejatzão, meu sogro!”. Eles se entenderam e tiveram uma conversa séria em que Cazuza se disse disposto a permanecer no Barão e se adequar à democracia da banda. E ele permaneceu no grupo até julho, ensaiando, fazendo shows, programas de TV … Mas decidiu sair às vesperas da gravação do quarto LP da banda (após ganharem o disco de ouro no programa do Chacrinha). Comunicou isso numa reunião e as músicas do novo disco foram dividas ao meio (entre Cazuza e Barão). Foi aí que Caju ficou seis meses sem falar com Frejat. De um lado, o guitarrista estava magoado pela saída repentina do Caju da banda. De outro lado, Caju estava magoado porque nenhum dos integrantes do Barão foram visitá-lo no hospital quando ele esteve internado com infecção bacteriana. Eles só fizeram as pazes ao se encontrarem nos bastidores do “Globo de Ouro”, em que tanto Cazuza como o Barão iam se apresentar. Caju e Frejat se abraçaram forte e não pediram satisfações um ao outro. Retomaram a amizade (assimo como com os outros barões) e a parceria.

22- Lobão

Antes de entrar para o Barão Vermelho, Cazuza chegou a fazer teste para entrar na banda de Lobão. Mas na hora “H” ele não conseguiu cantar. A timidez não deixou!

23- Xuxa

Certa vez, Cazuza e Ezequiel Neves receberam uma “encomenda” da Xuxa, que queria que eles fizessem uma música para ela. Mas o Caju não estava a fim de escrever uma música infantil e disse isso ao Zeca. Este insistiu e disse ao Caju que eles teriam que aceitar essa “encomenda” de qualquer jeito porque era a chance dele (Zeca) comprar seu apartamento. Cazuza então disse que se era um apartamento que ele queria, teria! Foi assim que Cazuza deu de presente ao Zeca o primeiro apartamento que havia comprado com seu próprio dinheiro. E eles não fizeram a música para a Xuxa.

24- Amor por cinema

Cazuza adorava cinema, filmes. Ele tinha hábito de ir ao cinema, muitas vezes sozinho, à tarde. E ficava emocionado com as cenas (“No escuro eu choro e adoro a cena” – “Completamente Blue”). E também via muitos filmes em casa, a ponto de não ter mais um filme na locadora para alugar (porque ele já tinha visto todos!).

25- “Segredos de liquidificador”

Muitos repórteres costumavam perguntar ao Cazuza o que ele queria dizer com certas expressões e frases usadas em suas músicas. Numa dessas entrevistas em que a repórter lhe perguntou o que significava “segredos de liquidificador”, Cazuza resolveu mostrar na prática: enfiou a língua dentro da orelha da moça!

26- Melhor letrista pela revista BIZZ

Em 1988, Cazuza foi eleito pela revista BIZZ (que realizava todo ano uma pesquisa com seus leitores), o melhor letrista, seguido de Arnaldo Antunes (que ficou em segundo lugar) e Humberto Gessinger (que levou o terceiro).

27- Assédio de fãs

Era normal o assédio das tietes em cima de Cazuza. Isso começou por volta de 83 e virou loucura em 84, quando Cazuza foi eleito “muso” daquele verão. Daí pra frente, ele passou a conviver com isso. As fãs mais histéricas o agarrava, rasgavam suas roupas… Certa vez, na saída do programa do Sílvio Santos, em São Paulo, Cazuza ia entrar num ônibus quando foi agarrado pelas tietes, que queriam rasgar as roupas dele. Irreverente e já sabendo o resultado do assédio (acabaria irremediavelmente nu), Cazuza parou, tirou toda a roupa, entregou-a para as fãs e entrou no ônibus do jeito que veio ao mundo!

28- Uma pessoa carinhosa

Cazuza era uma pessoa muito carinhosa, e amiga. Muita gente teve a oportunidade de ver isso de perto. Recentemente, a apresentadora Leda Nagle, disse, em seu programa, à Lucinha Araújo, que chegou a receber conselhos de Cazuza. Ele a aconselhou a não ter um filho só (ela lamenta não ter seguido este conselho!).

29- No dia de sua morte

No dia em que Cazuza morreu, dia 7 de julho de 1990, aconteceram alguns fatos interessantes: Num show do Legião Urbana, ao qual Caju queria assistir, Renato Russo, já sabendo do falecimento do amigo, dedicou o show a ele. Rita Lee, nesse mesmo dia, gravou a sua versão da música “Perto do Fogo” (letra que Cazuza fez inspirado nos cabelos vermelhos dela, e música feita por ela própria), sem saber que o POETA já não estava entre nós. Quando ela soube, já tinha a gravado.

30- Amizade com Sandra de Sá

Sandra de Sá era uma grande amiga de Cazuza. Ele era padrinho de seu filho Jorge (que atualmente está na novela “A lua me disse” interpretando um personagem com seu próprio nome). Sandra saía muitas vezes com Cazuza para beber e contou que quando eles ficavam muito tempo no bar, e dava a hora de fechar, Cazuza ajudava os garçons e punha todos da sua turma para fazerem o mesmo. Assim, eles ajudavam a fechar o bar. Ela também contou que certa vez, no seu bairro, na periferia carioca, Cazuza era esperado para a festa do aniversário do afilhado. Mas como ele acabou bebendo além da conta, resolveu não ir à festa. Ligou para a comadre, avisando que não iria porque não ficaria bem dar vexame na festa do menino. Sandra achou essa atitude admirável. Realmente! Isso é que é ter consciência e consideração pelas pessoas. É quase impossível uma pessoa bêbada admitir que está em um estado inadequado para fazer determinada coisa ou comparecer em determinado local. Sandra também contou que Caju a protegia. Ele mandava-a parar de beber, quando achava que ela estava passando da conta. E ainda dizia que ele podia ir mais longe na bebida, ela não!

Com informações DE e DE

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