Resenha do site – A Cor Púrpura

Não é comum Steven Spielberg se aventurar pelos musicais, mas com sua mão pesada para o melodrama, é um gênero em que ele poderia se esbaldar mais vezes.

É bem verdade que foi somente em 2021 que o diretor comandou um musical pela primeira vez, a espetacular nova versão de Amor, Sublime Amor (e abocanhou 7 indicações ao Oscar, incluindo filme e direção, vencendo na categoria de atriz coadjuvante pela interpretação do furacão Ariana DeBose), mas ali mostrou que, como em todos os outros gêneros, não é um dos maiores nomes do cinema à toa.

Agora na cadeira de produtor, Spielberg deixa a direção da adaptação musical de A Cor Púrpura nas mãos de Blitz Bazawule, diretor de Black is King de Beyoncé. E mesmo sem ser o diretor, o filme tem a sua cara: momentos que pesam no drama, fotografia deslumbrante, edição inteligente e emoção, muita emoção.

Para quem não é familiarizado com a história (e não viu o longa de 1985, dirigido por Spielberg ou não leu o livro), A Cor Púrpura conta a história de Celie, interpretada na fase adulta pela fenomenal Fantasia Barrino. Uma mulher negra que desde criança sofre com os abusos do pai e do marido. A única relação familiar verdadeira de Celie é com Nettie, sua irmã, de quem é separada ainda na infância.

Sem medir palavras, o longa já começa na pancada e, em poucos minutos, testemunhamos Celie sendo obrigada a dar seu filho para adoção. Filho este, fruto de um abuso por parte do pai. A vida de Celie não será fácil e vamos acompanhar sua história torcendo por ela.

Por mais que sim, seja uma história que carrega uma veia dramática intensa e, especialmente por se tratar de um musical, esta nova versão da história tem seus alívios. Adaptada da montagem da Broadway, ela traz ritmo intenso e sequências de encher os olhos em números musicais vibrantes.

Se em 1985 o longa tinha em seu elenco nomes como Whoopi Goldberg (que aqui faz uma ponta), Danny Glover e Oprah Winfrey e foi indicado a 11 Oscars (não ganhando nenhum), desta vez o elenco é formado por nomes que vieram dos palcos, como Fantasia Barrino e Danielle Brooks (única indicação ao Oscar desta vez, na categoria de melhor atriz coadjuvante), ao lado de nomes famosos em Hollywood como Taraji P. Hanson, Colman Domingo, H.E.R. e Halle Bailey, que ano passado também estrelou a versão live action de A Pequena Sereia.

Infelizmente A Cor Púrpura não recebeu todo o reconhecimento que merecia. Seu elenco, em particular Barrino e Domingo, mereciam indicações ao Oscar, além de outras como fotografia, cenografia, figurino, direção e filme. Mas, mesmo assim, o longa envolve o espectador, chega a divertir (Bailey é puro carisma em cena e rouba a atenção sempre que aparece) e, claro, emocionar. Um legítimo “Spielberg”, ainda que não seja…

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