Em uma entrevista ao site The Hollywood Reporter, os produtores Ron Cowen e Daniel Lipman (que também possuem um relacionamento afetivo) comentaram as agruras e os sucessos de seu show Queer As Folk, pioneiro na TV americana ao retratar uma cultura gay ainda não explorada com diferentes protagonistas e tramas. E, sim, muita nudez. Os dois também falaram sobre a possibilidade de um reboot da série.
“Nós estamos abertos à ideia, dependendo dos termos deste reboot”, disse Lipman. “Acho que o que seria interessante seria explorar nossos personagens que agora estão com quarenta anos ou mais e juntá-los com uma nova geração pra ver no que ia dar.”.
Seria interessante imaginar o que Brian, Michael, Justin Teddy e Emmet estariam fazendo hoje, dez anos depois. Com a chegada de coisas como Grindr, Scruff, Instagram e PrEP e o aumento dos direitos gays tanto nos Estados Unidos quanto no restante do mundo (asism como uma maior exposição em séries e no cinema), existe toda uma outra realidade social e política a ser explorada em Queer As Folk: A Nova Geração: Brian estaria se divertindo com uma nova geração de jovens descobrindo sua sexualidade? Ou será que um Justin de 30 anos teria justamente se tornado o Brian do início do seriado?
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Na entrevista os criadores falaram sobre os desafios de apresentar uma série gay a uma sociedade normativamente heterossexual, assim como sobre as cenas fortes de sexo que envolviam inclusive os atores heterossexuais que interpretavam gays na trama.
Cowen refletiu sobre o pioneirismo da representação da comunidade LGBT, que abriu portas para muitos dos programas de hoje em dia, como Looking, Cucumber, Modern Family ou The New Normal: “É perturbador que durante anos e anos de nossa vida a gente não se veja refletido na mídia. É como se você não existisse ou se somente uma parte de você que não é exatamente real existisse na TV ou no cinema. Nós sabíamos que talvez aquela fosse a única chance de criarmos esta representação”.
Queer As Folk foi exibido nos Estados Unidos de 2000 a 2005 e era uma adaptação de uma série britânica de mesmo nome, mas que era bem diferente nas tramas e, principalmente, na idade de seus protagonistas e nas cenas mais picantes. Claro que o seriado retratava diferentes tipos de homens gays também estereotipados (o romântico, o afetado, o contido, o viciado em sexo e o que está se descobrindo), mas ao retratar gays como pessoas comuns, com problemas comuns como trabalho, carreira, família e preconceitos, Queer As Folk foi um marco para uma geração e definiu muito do que vemos hoje com relação à produções LGBT, principalmente ao retratar de forma não apelativa e não atrelada à fatores como sexo, drogas ou aids essa comunidade em constante crescimento.
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No Brasil, a série recebeu o nome de Os Assumidos e foi transmitida pelo canal Cinemax.



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