Resenha do site – Raya e o Último Dragão

Desde a primeira princesa da Disney tanto seu conceito quanto o mundo mudaram bastante. De 1937 (quando Branca de Neve foi lançado) pra cá muita coisa mudou. Ainda bem!

De mulheres que dormiam esperando seu príncipe (como Branca de Neve ou Aurora) a outras que tinham como único objetivo de vida se casar (como Ariel, Jasmine ou Cinderela), foi um longo caminho até que uma princesa mais “ativa” e a diversidade aparecesse em Mulan (1998) e a primeira princesa que realmente trabalhava fora – e a primeira negra – na pele de Tiana (A princesa e o Sapo, 2009). Daí pra frente a evolução foi cada vez mais rápida e melhor, até que chegamos em Merida (Valente, 2012) e Moana (2016), que sequer tinham um príncipe na mira.

Então nada mais natural que alcançarmos um ponto onde a figura masculina sequer aparece. Raya surge em 2021 como o símbolo do girl power que tomou conta da sociedade e de Hollywood: ela se basta, ela não precisa da ajuda de homens, ela é independente e pretende salvar o mundo sozinha. E não tem nada de errado nisso!

Em um momento histórico em que as mulheres lutam para igualar seus direitos e se mostrarem tão capazes quanto os homens (algumas vezes até mais), a nova princesa da Disney é mais que uma personagem, é um símbolo.

Raya e o Último Dragão estreou no Premiere Access do Disney+ na última sexta-feira e em algumas salas de cinema no Brasil. Infelizmente, dado o momento de pandemia que ainda vivemos, o filme não irá se tornar um fenômeno. Mas potencial pra isso não lhe falta: história ágil e emocionante, visual deslumbrante, personagens carismáticos e mensagem de otimismo.

O longa majoritariamente de personagens asiáticos, conta a história de Raya, a filha do chefe de uma tribo de um lugar que um dia se chamou Kumandra. Antes unido, hoje o reino de Kumandra se divide em 5 partes inimigas que brigam pelo poder. Por conta da cobiça dos homens, o reino foi destruído, os dragões extintos e uma estranha bruma aterroriza os moradores de suas 5 partes, transformando tudo que toca em pedra e cinzas e acabando com a vida. A única possibilidade de salvação é encontrar o último dragão, que pode restaurar a vida um dia eliminada e trazer a paz.

(De acordo com informações, Kumandra ficaria localizado no sudeste asiático, região da Ásia entre a China e a Austrália composta por diversas ilhas e países como Tailândia, Indonésia, Laos, Filipinas, Malásia, Singapura e Vietnã. Raya seria, portanto, a primeira princesa da Disney desta região)

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Um filme sobre otimismo e confiança, que deixa como grande mensagem uma questão: não confiamos mais nas pessoas porque o mundo se tornou um lugar ruim ou o mundo se tornou um lugar ruim justamente porque não confiamos mais nas pessoas?

É bem verdade que Raya e o Último Dragão por vezes parece um grande mashup de outras coisas que já vimos: Kung Fu Panda, Mulan, Mad Max: Estrada da Fúria. Não que isso seja uma coisa ruim (e não é) e duas produções ecoam bastante. Em seu estilo “equipe em ação” e, principalmente em um acontecimento específico quase no final do filme, ele remete muito a Operação Big Hero. E, por falar em dragão voador + guerreiro + sombra que destrói a vida, é impossível não pensar em A História Sem Fim.

Mas nada disso tira a magia do longa. O final emocionante, a mensagem, cenas de luta impressionantes e um visual de cair o queixo (preste atenção nas texturas e brilhos dos tecidos, pelos e cabelos) fazem de Raya e o Último Dragão mais um clássico da Disney. É pena que o filme não terá a exposição que merece. Quem sabe a partir de 23/04, quando o filme chegar sem custo adicional ao Disney+ ele ganhe maior visibilidade. Ele definitivamente merece.

Curiosidade

Neste vídeo abaixo do tapete vermelho virtual do lançamento de Raya, podemos ver outras princesas da Disney dando as boas vindas à atriz Kelly Marie Tran ao time. As dubladoras de personagens como Bela, Ariel e Tiana e o dublador de Kristoff, além de Ginnifer Goodwin, que foi a Branca de neve no seriado Once Upon a Time mandaram mensagens:

Você pode estar se perguntando por que eu não citei Anna e Elsa lá em cima. Bom, porque oficialmente elas não são princesas da Disney já que, tecnicamente, as duas se tornaram rainhas de Arendelle (Elsa no primeiro filme e Anna no segundo). Há ainda quem diga que os planos iniciais eram colocar as duas no time das princesas sim, mas elas se tornaram um sucesso tão grande sozinhas que a Disney não quis “diluir” seu poder de venda com outras 12 personagens.

Outro fato interessante: em 2004 Esmeralda (O Corcunda de Notre Dame) foi coroada princesa mas em pouco tempo foi deposta (não se sabe exatamente por que). A suspeita era de que, na época, o mundo ainda não estava preparado para a diversidade de uma princesa de origem latina e as vendas de seus produtos foram um fracasso com relação às demais.

Por isso, coloco aqui uma lista das princesas oficiais da Disney. Raya, embora já seja considerada uma princesa oficial, ainda não foi “coroada”.

Official Disney Princess List
  1. Branca de Neve
  2. Cinderela
  3. Aurora (A Bela Adormecida)
  4. Ariel (A Pequena Sereia)
  5. Bela (A Bela e a Fera)
  6. Jasmine (Aladdin)
  7. Pocahontas
  8. Mulan
  9. Tiana (A Princesa e o Sapo)
  10. Rapunzel (Enrolados)
  11. Merida (Valente)
  12. Moana

Curiosidade 2

As princesas que nasceram na realeza (como Branca de Neve, Aurora ou Jasmine) não usam luvas. Já as que se tornaram princesas pelo casamento (como Tiana, Bela ou Cinderela) usam. Provavelmente isso acontece porque as princesas que não nasceram em berço de ouro precisavam “trabalhar” e, com isso, não têm mãos macias. Um conceito absurdo, machista e ultrapassado, mas que ainda está ali, como você pode conferir na imagem acima.

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