Resenha do site – A Colina Escarlate

a colina escarlateNão é uma história de fantasmas. É uma história, que tem fantasmas nela“. Com esta frase Edith Cushing, a personagem de Mia Wasikowska em A Colina Escarlate, define muito do que é o próprio filme: este não é um filme de terror. É muito mais uma história de amor que de fantasmas. Embora exista sim fantasmas nela.

Edith é uma jovem que mora com o pai na Nova York do início do século XIX. Após uma tragédia, ela se mudará para um lugar remoto em Londres, onde irá viver enclausurada numa casa nada menos que horripilante. É a história de amor de Edith que testemunharemos. É a história de como um amor poderá salvá-la ou de como um outro amor, muito mais doentio, poderá acabar com sua vida. Tudo em A Colina Escarlate é poético e suspirante. Como uma peça shakespeareana ou um romance russo, amores são arrebatadores a ponto de tirar vidas. Ambições são poderosas e perigosas e cenários são sombrios e sujos.

Com visual estonteante e atuações fortes de atores de primeiro escalão, o diretor e roteirista Guillermo del Toro confina na claustrofobia de uma casa imensa e isolada Mia Wasikowska, Tom Riddleston e Jessica Chastain para expor as feridas e as paixões de cada um deles. Nesse mundo de sombras e tecidos esvoaçantes fantasmas irão atormentar a vida da pobre Edith. Não é difícil entender as intenções das aparições. Assim como não é difícil adivinhar o fim do filme e as possíveis surpresas do roteiro. Mas a impressão que fica é que tudo isso é proposital. Del Toro é eficiente o bastante pra dar uma cara de “sem querer” a elementos que estão ali por sua intenção. Como o visual excessivamente digital dos fantasmas, que tem fácil explicação no próprio desenrolar do filme.

Diretor de longas que já entraram para a história do cinema moderno, como O Labirinto do Fauno Círculo de Fogo e roteirista destes e de outros tão importantes quanto, como HellboyO Hobbit e o seriado The Strain, Guillermo del Toro sabe como ninguém contar uma história que coloca um fantasma ou um monstro como coadjuvante em seu próprio filme. O que lhe importa mais são sempre as relações humanas. Não necessariamente como as pessoas reagem a estes seres, mas para que estes seres estão ali e como eles influenciam nas vidas dos seres vivos ao seu redor. E nesse ponto, A Colina Escarlate é uma obra-prima. Não espere um grande filme de terror, mas uma grande história de amor.

Com visual espetacular e um clima denso, quase palpável (e um final que evoca O Iluminado, importante frisar), A Colina Escarlate é um longa que encanta desde o início. Cenários, figurinos, trilha sonora, atuações… tudo contribui para a criação de um filme deslumbrante e, ao mesmo tempo assustador. Sim, porque mesmo que esta não seja uma história de fantasmas, eles estão ali, prontos para nos dar vários sustos. Não fossem as caras conhecidas do cinema atual, poderíamos muito bem dizer que o longa de del Toro já estava pronto há uns 50 anos e só foi lançado agora. Tamanha é a discrepância entre as produções de terror e suspense atuais e este filme “de época” construído detalhada e delicadamente para encantar e aterrorizar. Se os filmes de hoje são frenéticos e abusam de seus elementos mais descartáveis, A Colina Escarlate é lento, suave como o andar esvoaçante de seus personagens. Também abusa de seus elementos, claro, mas de seus detalhes mais poéticos e inspirados.

Como a valsa que o personagem de Tom Hiddleston dança, explicando que uma dança só é bem dançada se o par carregar consigo uma vela e a chama não se apagar durante os movimentos que devem ser sempre suaves, A Colina Escarlate valsa aos nossos olhos sem deixar em momento algum sua chama se apagar, provando a eficiência e a maestria daqueles dançarinos bem conduzidos por um maestro competente em um cenário de sonhos e pesadelos.

4 comentários em “Resenha do site – A Colina Escarlate

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  1. Amei que no filme Guillermo del Toro explora simbolismos e arcos narrativos através de seus cenários, figurinos e fotografia, que criam, digamos, um mundo technicolor gótico. Falar do Charlie Hunnam significa falar de uma grande atuação garantida, ele se compromete com os seus personagens e sempre deixa uma grande sensação ao espectador. Eu amo os filmes de charlie hunnam O mesmo aconteceu com esta produção, Rei Arthur a Lenda da Espada que estreará em TV para mim é um dos grandes filmes de Hollywood.

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